Segunda, 14 Outubro 2024
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Berilo Lucena Cavalcanti

Berilo Lucena Cavalcanti(Quixadá) - O Superintendente da Casa do Ceará

Segundo de doze filhos de José Cavalcanti e Maria Lucena Nobre Cavalcanti, nasceu em Quixadá, em 4 de julho de 1942. Com quatro anos, foi morar em Fortaleza com uma tia na rua dom Manuel. Alfabetizado em casa, em 1949 entrou no Grupo Escolar Clóvis Beviláqua, passando, em 1951, para o Colégio Castelo Branco, onde fez até a quarta série ginasial. Em março de 1958, com menos de 16 anos, foi para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar, em Barbacena-MG, e de lá para a Escola de Aeronáutica, no Campo dos Afonsos, Rio, onde voou solo em fins de 1960, no avião T-21 Foker. Recebeu o Espadim de Cadete e o brevê de piloto militar em 1961, tendo feito salto de paraquedas. Em 1964, estava em Pirassununga-SP, voando no lendário T-6 North American, mas não concluiu o curso de piloto.Voltou aos Afonsos e recebeu a Espada de Oficial em 1965, declarado aspirante intendente. Em fevereiro de 1966, conheceu Brasília, tendo a ela voltado várias vezes quando o serviço exigia.

 

Dois irmãos e uma irmã formaram-se em Direito, um irmão em Administração e outra em Enfermagem.

 

Como oficial serviu em diversas Unidades de diferentes cidades: Santa Cruz-RJ (quando casou e teve três filhos), depois Natal, Recife, Rio de Janeiro, Santos, Guaratinguetá-SP e Brasília.

 

Os filhos Celso e Eduardo cursaram Engenharia Química e Denise, Engenharia Agronômica.

 

O Celso fez mestrado no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); a Denise, mestrado e doutorado na Universidade Estadual Paulista (UNESP-Rio Claro). O Eduardo cursou mestrado e doutorado na Universidade de Campinas (UNICAMP) e vai, em meados de agosto, realizar um pós-doutorado na Universidade de Berlim.

 

Prosseguindo na carreira, Berilo fez o curso de Preparação de Instrutor e o de Aperfeiçoamento de Oficiais na EAOAR, em Cumbica-SP, além dos cursos de Comando e Estado-Maior, de Política e Estratégia Aeroespaciais na ECEMAR e de Mobilização Nacional da Escola Superior de Guerra, Rio. Paralelamente, fez cursos civis de Direito, Administração e uma pós-graduação em Administração Financeira e Auditoria. Exerceu atividades como instrutor nos cursos de Formação de Oficiais Intendentes, de Aperfeiçoamento de Sargentos e das Unidades Celulares de Intendência, braço da logística operacional da FAB. Dentre as funções desempenhadas, destacam-se as de comandante do Esquadrão de Intendência da Base Aérea de Santos, chefe do Departamento Administrativo do Parque de Material Aeronáutico do Galeão e chefe da Divisão de Apoio da Escola de Especialistas de Aeronáutica, o maior complexo de ensino técnico-aeronáutico da América Latina, sobre a qual escreveu um livro – Trajetória Especialista. Como coronel, exerceu o Comando da Prefeitura de Aeronáutica de Brasília, nos anos de 1994-1995, onde erigiu um monumento, uma capela dedicada à Sagrada Família, e nele plantou palmeiras imperiais. Condecorações: Medalhas Mérito Santos Dumont, Militar de Ouro e do Mérito Aeronáutico, Graus Cavaleiro e Oficial. Transferido para a reserva em fins de 1998, fixou residência em Brasília.

 

Mas a vida dá voltas por vezes diferentes do script habitual.

 

Em maio de 2001, seu companheiro de grupo de oração católico, Carlos Ananias, convidou-o a conhecer a Casa do Ceará, da qual era diretor. Quando lá chegou, a diretoria estava reunida, iniciando um processo seletivo para contratar um superintendente para gerir a entidade.

 

Apresentou seu currículo, foi contratado e sua vida deu uma guinada.

 

Teve o privilégio de trabalhar sob as ordens de José Jézer de Oliveira, o fidalgo do Crato, e conviver com diretores, dentre os quais homens abnegados com quem mantém cordiais relações de amizade. Integrou-se ao corpo de funcionários, um dos esteios da instituição, que conduziu por mais de sete anos. Interagiu com profissionais da área de saúde, dentistas, professores e inquilinos que completam essa base em que se assenta a Casa. Destaca, como marcos de sua gestão, o equilíbrio financeiro continuado da entidade, a aprovação de projeto financeiro pela Petrobras para reforma parcial das instalações culturais e uma ênfase na área da assistência social no apoio efetivo e sistemático a pessoas carentes. Organizou grandes festas juninas e jantares dançantes. Concedeu várias entrevistas para televisão e rádio, sempre promovendo a imagem da entidade à qual servia diuturnamente, pois lá residia por exigência do pacto laboral. Com a saída do Jézer da presidência, em 2008 sentiu que era hora de se afastar do cargo. Mas levou consigo um bem muito precioso, a Adriana, funcionária da Casa que lá conheceu e com quem se casou, enriquecida a nova família por uma filha, Isabele, hoje com cinco anos, um sopro de vida nova para esse cearense que, atraído por uma força telúrica, sempre que pode, volta a Quixadá para renovar suas doces lembranças, benzer-se nas águas do açude do Cedro e agradecer a Deus pela vida em abundância.

 

Para celebrar a vida, Lucena e Adriana costumam reunir os amigos no salão de festas da Casa do Ceará, em animadas comemorações de aniversário de membros da família.

 

Depois de onze anos na reserva, em 2009 voltou a servir na Força Aérea, com renovado entusiasmo, procurando apoiar com sua experiência as novas gerações de companheiros de farda, que têm como lema “Voar, Combater, Vencer!” (BCL)